TESTEMUNHAS DO ALÉM

Blog Espírita

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Amor e traição




O amor pressupõe confiança e entrega de sentimentos. Sua exclusividade é exigida por aquele que se dedica ao outro, não permitindo a entrada de um terceiro elemento na relação.

O ciúme, oriundo da insegurança, costuma ser elemento catalisador de atitudes inadequadas pelo seu protagonista. Cautela quanto à impulsividade motivada pelo ciúme.

Liberte-se daquele amor quando ele já não mais se sente preso a você. Sua decisão poderá evitar dissabores desnecessários. A vida lhe oferecerá oportunidades de equilíbrio mais adiante.

Decepcionar-se ou indignar-se pela traição de alguém é natural, porém verifique as condições em que se deu o fato. Muitas vezes suas atitudes foram determinantes para a ação do outro.

A traição, qualquer que seja sua causa, reflete sempre o amor insatisfeito consigo mesmo. Quando ela ocorre de forma sistemática, revela o desequilíbrio obsessivo em que seu agente se encontra.

Trair e afirmar que outro pode fazê-lo se o quiser, é deixar seu amor à deriva de forma irresponsável e inconsequente. As relações humanas não devem se constituir em aventuras do coração. Toda relação emocional gera comprometimento futuro.

A transformação da pessoa que trai poderá ocorrer com o auxílio do amor daquele que foi traído. Não culpe alguém pelo ocorrido; responsabilize-se apenas pelo que está acontecendo com você.

Mesmo ferido, o verdadeiro amor permanece. O destino, pelas escolhas de cada um, poderá separar as pessoas, mas não eliminará o amor. Mesmo traído e separado, o amor verdadeiro permanece vibrando pelo equilíbrio do outro. Embora seu amor esteja ferido pela traição, considere que o seu caminho foi de vitória e que você não foi o autor nem agiu da mesma forma. Não se culpe, apenas assuma a responsabilidade de forma madura. Viver maritalmente com alguém será sempre um desafio à singularidade do ser humano.

O sentimento provocado pela traição de um parceiro pode levar o outro a adoecer. Tal ocorre quando o corpo se torna o anteparo para a continência das emoções que deveriam ser expressas de outra forma.

Não se deixe abater pela decepção do companheiro.

Mostre a si mesmo que seu valor não depende de circunstâncias externas, mas é aquele que você sabe que tem.

Tenha o hábito de dialogar com seu companheiro sem que esteja fazendo interrogatório policial nem  tampouco deixe que a insegurança tome conta de sua mente.

Envolva-se na vida de seu companheiro pelo coração e pela participação em suas atividades cotidianas. Não fique à margem da vida de quem você diz que ama. Mesmo que ele o coloque à distância, crie atividades conjuntas.

Não se coloque também na posição de quem adquiriu uma posse. Se seu companheiro preferiu a companhia de outra pessoa à sua, dê-lhe a liberdade de que necessita para viver sua própria vida. Quanto a você, viva-a mesmo com as dificuldades que advirão da decisão tomada.

O amor que se acaba com a traição do cônjuge não era amor, mas posse. O amor verdadeiro independe da união carnal.

Diante da traição mantenha o equilíbrio. O outro não soube merecer seu amor. Não culpe uma terceira pessoa pela traição. Nessas circunstâncias ninguém age sozinho.

Mesmo assim não há culpa, mas responsabilidades.

Não se deixe magoar pela atitude do outro que o traiu. Quem trai, é a si mesmo que agride.

Se você hoje possui outro relacionamento além daquele que lhe constitui a família, ore e busque o equilíbrio.

A manutenção de outros relacionamentos semelhantes revela necessidade de vencer carências internas. Sua continuidade desprende energia, impedindo o necessário equilíbrio para prosseguimento de outras atividades da alma.

Seja fiel a seus princípios não se permitindo agredir aquele com quem você convive. O amor é sempre fiel à sua própria determinação. Na dúvida, não ultrapasse seus limites. Há caminhos cujo retorno se torna difícil.

Há envolvimentos psíquicos muito semelhantes à traição num casamento. Não se deixe vencer pelo apelo da aventura em matéria de sentimento. Tudo que envolve o coração merece responsabilidade e maturidade.

Jesus, mesmo traído por Judas, não deixou de amá-lo.
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Adenáuer Novaes

5 TIPOS DE CASAMENTOS:



Em análise feita às comunicações dos espíritos, referentes a casamentos infelizes, Martins Peralva classifica em cinco os tipos de casamentos.

1. CASAMENTOS ACIDENTAIS:

É o encontro de almas inferiorizadas sem ascendentes espirituais.
 Caracterizam-se pela falta de ligação afetiva. 
A aproximação dá-se através dos impulsos inferiores do casal e o relacionamento é desprovido de simpatia ou antipatia. 
Esses casamentos ocorrem em grande número e, segundo Peralva, podem até dar certo, pois é possível os cônjuges se adaptarem um ao outro, consolidando a união no tempo.
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2. CASAMENTOS PROVACIONAIS

É o encontro de almas inferiorizadas com o objetivo de se reajustarem. 
É o tipo mais comum.
 Por haverem contraído débitos cármicos mútuos, a Providência Divina utiliza-se da união conjugal pra o necessário ressarcimento.
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3. CASAMENTOS SACRIFICIAIS 

São raros e caracterizam-se pelo encontro de uma alma iluminada com uma alma inferiorizada, tendo por fim reconduzi-la ao bem. Um exemplo desta categoria é o de 
Lívia com o senador Públio Lêntulus, transcrito no livro "Há Dois Mil anos". O senador,
embora evoluído intelectualmente, era moralmente inferior à Lívia, devido ao seu 
orgulho.
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4. CASAMENTO DE ALMAS AFINS

É o encontro de almas amigas com objetivo de consolidar afetos.
 Neste tipo de casamento não ocorrem separações e ambos buscam juntos aprimorar o amor que já 
nutrem um pelo outro. 
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5. CASAMENTOS TRANSCENDENTES

Muito raros. 
É o encontro de almas iluminadas com objetivos elevados para 
trabalharem juntas com fins altamente construtivos. 
Um exemplo de casamento transcendente é o do próprio A. Kardec, com Amélie G. Boudet, que embora seu nome não seja citado na Codificação, sua participação e apoio na vida de Kardec foram 
fundamentais pra o cumprimento de sua missão.
 O Espiritismo nos esclarece, portanto, que a instituição do casamento é uma importante oportunidade concedida pela Misericórdia Divina para o aperfeiçoamento de nosso espírito - e também dos espíritos de nossos familiares .
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José Luiz Vieira
CE
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CASAMENTO
 Richard Simonetti





1 – O casamento é planejado no Além? 

Geralmente a união matrimonial implica numa harmonização que envolve não apenas o casal, mas também os Espíritos que reencarnarão como filhos. Obviamente, é preciso planejar. 
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2 – Os próprios interessados o fazem? 

Seria o ideal, já que tendemos a encarar com maior seriedade os compromissos que assumimos por iniciativa própria. Nem sempre, entretanto, os reencarnantes têm suficiente maturidade e discernimento para isso. O planejamento fica por conta de mentores espirituais. 
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3 – Eventual segundo casamento ou subsequentes também obedecem a um planejamento? 

Quando os parceiros da vida conjugal se separam de forma irreversível, em virtude de conflitos insuperáveis, é justo que procurem recompor sua vida afetiva, buscando nova experiência. Se há seriedade na intenção e não mero exercício de promiscuidade sexual, tão freqüente nos dias atuais, os mentores espirituais podem ajudá-los nesse propósito, orientando nova união. 
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4 – Se ocorre uma sequência de desacertos haverá sempre novos planejamentos? 

Os mentores procuram ajudar-nos, mostrando caminhos, mas jamais são coniventes com nossos desatinos. A sucessão de uniões indica incapacidade de assumir compromissos e de conviver. Natural, nestes casos, que se afastem, retirando as escoras de sua proteção para que os tutelados aprendam com seus próprios erros. 
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5 – O ideal, portanto, seria "suportar" o cônjuge para merecer o apoio da espiritualidade? 

Esse é, talvez, o maior equívoco. As pessoas "suportam" o cônjuge por amor aos filhos ou respeito à religião, esquecendo-se de que estão juntos para se harmonizarem, aprendendo a conviver fraternalmente. Isso implica em mudar de pronome, no verbo da ação conjugal: da primeira pessoa do singular, eu posso, eu quero, eu faço¸ para a primeira do plural: nós podemos, nós queremos, nós fazemos. Cultivar o individualismo no casamento é condená-lo ao fracasso. 
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6 – Isso seria suficiente para sermos felizes no casamento? 

Há algo mais. As pessoas estão esperando que o casamento dê certo para que sejam felizes, sem compreender que é preciso que sejam felizes para que o casamento dê certo. Um coração amargurado, um caráter impertinente, uma vocação para a agressividade, tudo isso azeda a existência e nos torna incapazes de conviver, particularmente no lar, onde não há o verniz social. 
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7 – E como ser feliz para que o casamento dê certo? 

É preciso ter sempre presente que a felicidade não está subordinada à satisfação de nossos desejos diante da Vida, mas ao empenho por entender o que ela espera de nós. Não é necessário muito para isso. Basta observar a lição fundamental de Jesus: fazer ao semelhante o bem que desejamos que ele nos faça. Funciona admiravelmente quando se trata de harmonizar as pessoas, particularmente no lar. 
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8 – Sabemos que na espiritualidade tendemos a conviver com os Espíritos que marcaram nossa vida afetiva, envolvendo cônjuge, pais e filhos. Assim sendo, com quem ficará o homem que foi casado quatro ou cinco vezes? 

Com ninguém. Provavelmente fará um estágio depurador no umbral, região de sofrimentos no mundo espiritual, um purgatório onde terá oportunidade de meditar sobre sua frivolidade. 
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Do livro: Reencarnação: Tudo o que você precisa Saber.

Um apelo dos desencarnados aos que ficam



Muitos encarnados clamam desesperadamente pelos que partiram, vertendo lágrima de fel, quando não acalentando ideias de suicídio na enganosa ilusão de reencontrá-los. (...)

Há muito desassossego na vida psíquica dos desencarnados, toda vez que os
familiares não aceitam a separação ou procuram vingança, nos casos de desencarnação por assassinato, alimentando os sentimentos inferiores muitas envolvidos nesse processo. (...)

Inúmeros outros comunicantes falam da dificuldade de adaptação ao mundo
espiritual por causa da perturbação dos familiares. Esse desequilibrio, muitas vezes intenso, não lhes permite a própria renovação no plano em que se encontram.

Vamos destacar alguns trechos das cartas dos desencarnados nos quais solicitam a compreensão dos familiares diante da separação. São pontos muito úteis para o nosso próprio preparo diante da morte:

(1) “Vejo seu rosto sem parar, todo banhado em lágrimas sobre o meu e sua voz me alcança de maneira tão clara que pareço carregar ouvidos no coração.
Ah, Mamãe! Eu não tenho o direito de pedir ao seu carinho mais que sempre recebi, mas se seu filho pode pedir mais alguma coisa à sua dedicação, não chore mais.”
(Alberto Teixeira através de Chico Xavier )

(2) “As lágrimas com que me recordam, caem no meu coração por chuva de fogo, (...), o pensamento é uma ligação, que ainda não sabemos compreender.
Quando estiverem com as nossas lembranças mais vivas, comemorando acontecimentos, não se prendam à tristeza. (...) Posso, porém, dizer-lhes que estou com vocês dois, assim como alguém que carregasse no ouvido um telefone obrigatório. Não estou em casa, mas ouço e vejo quanto se passa.
Nosso amigos daqui me esclaressem que isso passará quando a saudade for mais limpa entre nós. Saudade limpa!. Nunca pensei nisso! Mas dizem que a saudade que se faz esperança no coração, é assim como um céu claro, mas a saudade sem paciência e sem fé no futuro é semelhante a uma nuvem que se
prende com a sombra e tristeza aqueles que dão alimento na própria alma.”
(Marilda Menezes através de Chico Xavier)

(3) “Estou presente, rogando à senhora que me ajude com a sua paciência.
Tenho sofrido mais com as suas lágrimas do que mesmo com a libertação do corpo. Isso porque a sua dor me prende à recordação de tudo o que sucedeu. E quando a senhora começa a perguntar como teria sido o desastre, no silêncio do seu desespero, sinto-me de novo na asfixia”.
(William José Guagliardi através de Chico Xavier )





“Evidentemente que não vamos cultivar falsa tranquilidade, considerando natural que alguém muito amado parta para o plano espiritual. Por maior que seja a nossa compreensão, com certeza sofreremos muito. No entanto, devemos manter a serenidade, a confiança em Deus, não por nós mesmos, mas sobretudo em benefício daquele que partiu. Mais do que nunca ele precisa de nossa ajuda, e principalmente de nossas orações.”

COMUNICAÇÕES PREMATURAS



"Hoje, porém, com a mediunidade esclarecida, é fácil aliviá-los e socorrê-los." Emmanuel

O primeiro desejo de quem perde, no plano material, um ente querido, é, naturalmente, no sentido de ouvir-lhe a palavra amiga, pela via mediúnica.

Saber onde está, como se encontra.

Conhecer-lhe as notícias, sentir-lhe as emoções.

Amenizar a saudade pungente.

Entendemos justo e compreensível o anseio de quem ficou, imerso em lágrimas, vendo partir para outra dimensão da vida o ser amado.

A mensagem de quem se foi representa esperança e conforto.

Os Amigos Esclarecidos conhecem, no entanto, as dificuldades e inconvenientes de uma comunicação prematura, com o desencarnado amparado no processo de refazimento psíquico e de recomposição emocional.

Em fase de transição, não tem o novo habitante do Espaço, na maioria dos casos, condições de retornar, de pronto, ao convívio dos seus.

Só a alma renovada pode enfrentar, além da desencarnação, as vibrações e a emocionalidade dos que lhe pranteiam a partida.

Os Benfeitores conhecem as causas que desaconselham o comunicado com a urgência desejada, às vezes, até pelo próprio desencarnado.

A intranquilidade dos familiares, vergastados pela saudade cruciante, projeta dardos mentais de angústia e desespero que atingem, em consecutivo bombardeio, a organização perispiritual do recém-desencarnado, ferindo-lhe as fibras sensíveis do coração.

É por isso que, geralmente, retardam-se as comunicações dos novatos da Espiritualidade.

Há grande diferença entre as leis vibratórias do Plano Espiritual e as do Plano Material.

Em decorrência dessa diversidade, ou distonia, a comunicação prematura, causando no recém-desencarnado choques vibratórios violentos, é sempre protelada pelos Amigos Espirituais.

Poderia, o encontro precipitado, prejudicar o esforço de recuperação empreendido pelos samaritanos do bem.

Liberada do corpo físico, torna-se a alma mais sensível às emoções, a pensamentos. A emoção causada pela volta ao convívio familiar, a visão das almas querida poderá perturbar aquele que ainda não adquiriu, ausente da roupagem física, clareza de raciocínio, coordenação perfeita das idéias, segurança íntima.

Outro detalhe: a posição mental do médium pode transtornar o comunicante ainda não suficientemente adestrado no mister do intercâmbio.

A instabilidade do medianeiro pode, assim, desajudá-lo, ao invés de ajudá-lo.

Eles, os Benfeitores Espirituais, sabem o que fazem.

Retardam, quando preciso, por algum tempo, ou apressam o comparecimento do desencarnado aos trabalhos mediúnicos.

O médium educado, sereno, de campo psíquico harmonioso, manterá o comunicante, dominado pela emoção, em razoável nível de serenidade e equilíbrio.

Conscientizados de que nem sempre nossos desejos compatibilizam-se com a programação da Espiritualidade, auxiliemos os entes que partiram com as nossas preces, até que a Sabedoria de Deus os ponha em contacto conosco pela bênção da mediunidade esclarecida.
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Peralva, Martins; "Mediunidade e Evolução", 1ª edição, FEB.
 

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Escala de Valores do Espírita



Umberto Ferreira

O homem comum construiu para si, através dos séculos, uma escala de valores voltada para as coisas efêmeras. De acordo com ela, o homem vale pelo que tem e a sua importância é proporcional aos bens materiais que possui; e, em segundo lugar, aos títulos transitórios que ostenta. É a supervalorização dos bens materiais em detrimento das coisas espirituais.

O espírita, entretanto, tem uma concepção completamente diferente da vida. Compreende que a Terra nada mais é que uma escola abençoada, onde temos a oportunidade de realizar a nossa evolução. Entende que a verdadeira vida é a espiritual. Tem plena consciência de que os bens materiais são meios e não fim.

Por isso mesmo, a escala de valores do verdadeiro espírita será exatamente a inversa da tradicional.

Tudo o que ele faz visa primeiro à melhoria do Espírito imortal. Todos os seus atos são voltados para a conquista de bens eternos.

Por conseguinte, não se concebe um espiritista autêntico afastado do campo de trabalho da seara doutrinária em virtude de ocupações de outra ordem. Não há dúvida de que isto poderá acontecer, mas em situações transitórias.

Evidentemente não estamos preconizando o desprezo dos bens materiais, mas sim o desapego a eles, a sua utilização apenas como um dos meios de se chegar à espiritualização.

Dois ensinamentos de Jesus nos levam a compreender esta posição: um, o que nos aconselha a "acumular tesouros no Céu"; e, outro, o que nos ensina a "procurar primeiramente o Reino de Deus e a sua Justiça", pois que todas as outras coisas nos seriam dadas por acréscimo.

Basta refletirmos maduramente nestas palavras, para adorarmos um comportamento diametralmente oposto ao do homem comum, atribuindo às coisas materiais o valor relativo, que realmente têm, e às espirituais os valores reais, que efetivamente possuem.
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REFORMADOR, FEVEREIRO, 1979

domingo, 13 de maio de 2012

Carne?

                        

                                  "Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito."
                                           - Paulo. (GÁLATAS, capítulo 5, versículo 25.)



Quase sempre, quando se fala de espiritualidade, apresentam-se muitas pessoas que se queixam das exigências da carne.

É verdade que os apóstolos muitas vezes falaram de concupiscências da carne, de seus criminosos impulsos e nocivos desejos. Nós mesmos, frequentemente, nos sentimos na necessidade de aproveitar o símbolo para tornar mais acessíveis as lições do Evangelho.

 O próprio Mestre figurou que o espírito, como elemento divino, é forte, mas que a carne, como expressão humana, é fraca.

Entretanto, que é a carne?

Cada personalidade espiritual tem o seu corpo fluídico e ainda não percebestes, porventura, que a carne é um composto de fluídos condensados?

Naturalmente, esses fluídos, em se reunindo, obedecerão aos imperativos da existência terrestre, no que designais por lei de hereditariedade; mas, esse conjunto é passivo e não determina por si.

Podemos figurá-lo como casa terrestre, dentro da qual o espírito é dirigente, habitação essa que tomará as características boas ou más de seu possuidor.

Quando falamos em pecados da carne, podemos traduzir a expressão por faltas devidas à condição inferior do homem espiritual sobre o planeta.

Os desejos aviltantes, os impulsos deprimentes, a ingratidão, a má-fé, o traço do traidor, nunca foram da carne.

É preciso se instale no homem a compreensão de sua necessidade de autodomínio, acordando-lhe as faculdades de disciplinador e renovador de si mesmo, em Jesus-Cristo.

Um dos maiores absurdos de alguns discípulos é atribuir ao conjunto de células passivas, que servem ao homem, a paternidade dos crimes e desvios da Terra, quando sabemos que tudo procede do espírito.
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XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 13.

A Mediunidade e seu Desenvolvimento




A mediunidade é uma faculdade da espécie humana que permite o intercâmbio entre encarnados e desencarnados. Graças a ela, temos a comprovação da imortalidade, algum conhecimento da situação da vida no Além, constatação da reencarnação e do progresso incessante, sempre sob o império da justa e misericordiosa lei de ação e reação.

Sua presença na Terra, tão antiga quanto a do ser humano, passa pelos primeiros grupos cristãos, sofre grande proibição na Idade Média, ressurge impetuosa na Idade Contemporânea. Kardec a empregou como o meio próprio, específico, para o exame experimental do Espírito (sua natureza, origem, destinação e relação com o mundo corporal). A partir dela, coletou e ordenou as informações prestadas pelos bons Espíritos, oferecendo ao mundo a Doutrina Espírita, revelação das leis que regem os mundos e os seres.

Espiritismo sem Mediunidade?
Ultimamente há quem preconize que o Espiritismo pode deixar de lado a mediunidade, pois ela já nos teria dado todo o conhecimento que nos poderia proporcionar.

Talvez isso seja verdade para alguns, pessoal e particularmente. Não o é, porém, para a Casa Espírita, em cujas portas, todos os dias, muitas pessoas vêm bater, buscando, principalmente: a consolação ante a partida de entes queridos; a libertação do assédio de Espíritos perturbadores, o esclarecimento dos fenômenos espirituais em que se sentem envolvidos.

Como atendê-los e ajudá-los sem recorrer ao intercâmbio mediúnico?Sem realizar as reuniões de desobsessão, de desenvolvimento mediúnico?Sem lhes oferecer não apenas a teoria mas a oportunidade da experiência, da observação, para formarem sua convicção e se tornarem aptos a também trabalharem com a mediunidade, se assim ó desejarem?

A mediunidade faz parte da natureza humana e tem, certamente, finalidade útil e providencial. Querer ignorá-la, desprezar sua utilização é privar-se, pessoal e coletivamente, de um campo rico de sensibilidade, conhecimentos e realizações.

A Casa Espírita não se deve alhear da tarefa de intercâmbio nem a deixar distanciada inteiramente do público assistido ou dos que queiram conhecera mediunidade e, talvez, se habilitarem ao seu exercício.

Orientação espírita para a prática mediúnica



Para que o emprego da mediunidade na Casa Espírita se faça eficiente, seguro e proveitoso, como preconiza e orienta a Doutrina Espírita, torna-se indispensável o preparo prévio doutrinário, técnico e moral tanto do médium como de quem vai dirigi-lo ou assessorá-lo no exercício da sua faculdade.

A literatura espírita oferece para os interessados a teoria doutrinária e a orientação prática de que vai necessitar.Nas Obras Básicas e naquelas que lhes são subsidiárias, destaquemos: O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec; No Invisível, de Léon Denis; O Fenômeno Espírita, de Gabriel Delanne.

No movimento espírita brasileiro não há como esquecer as obras mediúnicas psicografadas por Francisco C. Xavier, Yvonne A. Pereira e Divaldo P. Franco. Necessário também mencionar os livros de autores encarnados que procuram resumir didaticamente a parte teórica necessária ao desenvolvimento mediúnico e fornecem algumas informações sobre a chamada "parte prática" do Espiritismo, tais como J. Herculano Pires , Suely Caldas Schubert, Hermínio C. Miranda, Celso Martins, Torres C. Pastorino e os Cursos Educação Mediúnica (FEESP), Orientação e Educação Mediúnica, do C. E. Luz Eterna, de Curitiba, PR.
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Therezinha Oliveira

Trabalho apresentado no 11° Congresso Estadual de Espiritismo, em Bauru, abril/2000
Alavanca – Junho de 2000

Norma Ideal


"Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens."
Paulo (II Corintios 3,2)


O obreiro do Senhor, notadamente na Doutrina Espírita, há que se reger pela harmonia, a fim de que a segurança lhe presida todas as resoluções e atitudes.

Nem tão ardente no ideal que descambe na precipitação, nem tão extático que apenas viva de sonho.

Nem tão exigente, no trato com os outros, que se converta em figurino de intolerância, nem tão apático que se torne irresponsável.

Nem tão fanático na atividade que suscite perturbação, nem tão brando que se faça preguiça.

Nem tão extremista em questões de direito, que inspire violência, nem tão fraco que encoraje o desrespeito.

Nem tão isolado em sociedade que se encastele no egoísmo, nem tão agarrado às relações de toda espécie que se queime nas paixões.

Nem tão prudente que se atenha à frieza, nem tão desabrido que abrace a temeridade.

Nem tão aflito, ante as lutas e problemas do cotidiano, nem tão despreocupado que se arroje à indiferença.

A lógica da Doutrina Espírita nos assinala a todos uma norma ideal de ação, nas mais diversas áreas da vida: equilíbrio e mais equilíbrio, a fim de que venhamos identificar-nos com o Bem,
sempre mais e melhor.
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 Francisco Cândido Xavier 
 pelo espírito Emmanuel

Nem Tudo é Mediunidade



Realmente, sintomas físicos ou mesmo perturbações emocionais e psicológicas podem ser confundidos com mediunidade. Atendentes fraternos, dirigentes, coordenadores de estudos e mesmo palestrantes ou escritores, precisamos sempre levar em conta esse detalhe. Mediunidade, como já aprendemos, não é doença, nem tampouco privilégio ou exclusividade dos espíritas. É, antes, potencialidade humana, apesar dos diferentes estágios em que se apresenta e das variáveis que afetam sua manifestação, inclusive de maturidade emocional, intelectual e do meio onde se apresenta.


Não é incomum pessoas tristonhas e deprimidas, muitas vezes dependentes de medicamentos, serem confundidas pela precipitação de dirigentes que alegam ser o exercício da mediunidade o único caminho de superação desses estados. Indicam presença de espíritos perturbados ou perturbadores como causa do abatimento e apontam, equivocadamente, como causa uma suposta hipnose de espíritos, agravando ainda mais o quadro de aflição da pessoa que simplesmente precisa de ajuda...


Tais considerações foram inspiradas no capítulo 22 do livro Encontros com a Consciência, ditado pelo Espírito Irmão Malco ao médium Alaor Borges Jr. Referido capítulo descreve o diálogo de um atendimento fraterno. Aliás, todo o livro é composto de casos relacionados a ocorrências em centros espíritas, inclusive com muitos ensinos de Chico Xavier. No caso em questão, o Espírito que relata a ocorrência conclui com sabedoria: “(...) Passei a entender que, na condição de socorrista espiritual, temos que ter muito critério. Nem todo distúrbio nervoso, qual seja a depressão, síndrome do pânico, insônia e outras mais, estão relacionadas à presença de mediunidade (...)”.


Nesse ponto, interrompemos a transcrição para destacar, aí sim, caminhos de superação de estados de abatimento, na continuidade do raciocínio do autor: “(...) mas o serviço prestado pelo passe, as palestras, a água magnetizada e o vínculo com as atividades assistenciais da casa têm valor inconcebível. (...)”.


O destaque é nosso e proposital. Não percebemos que muito mais que focar nossa atenção em supostas influências de espíritos, embora elas sejam reais e contínuas, precisamos, isso sim, prestar mais atenção em nossas reações e procurar no Espiritismo o que ele realmente tem a oferecer: o consolo, a diretriz, o conforto, a orientação, a luz para nossos caminhos, a lucidez de seus fundamentos, caminhos claros de entusiasmo e superação das dificuldades que normalmente enfrentamos, até pela nossa condição humana. Recursos que encontramos, principalmente, nos estudos, palestras...


O livro é rico de casos assim. Mágoas, dinheiro, opiniões, relacionamentos, dificuldades, influências, inspiração, pressa, entre outros temas, vão surpreender o leitor. Exatamente pela clareza e concisão dos diálogos. Não deixe de conhecer. Trará benefícios para os grupos espíritas.
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Orson Peter Carrara

sábado, 12 de maio de 2012

A Paisagem Humana do Sofrimento



Para onde direciones o olhar detectarás o sofrimento humano presente, realizando o seu mister de burilamento dos Espíritos. 


Não que a Terra seja um lôbrego hospital, onde somente se encontram as aflições. 


Há bênçãos que se manifestam sob muitos aspectos, incluindo, é claro, a dor, que desempenha relevante papel no processo evolutivo dos seres. 


Na sua condição de escola de aprimoramento moral, a dor realiza um labor de fundamental importância para a educação do Espírito. 


Face à rebeldia que predomina na natureza humana, as propostas edificantes e iluminativas nem sempre recebem a consideração que lhes deve ser oferecida. 


E quando isso acontece as Soberanas Leis recorrem aos impositivos disciplinadores, entregando o calceta aos métodos de recuperação com caráter de severidade. 


Estabelecem-se, então, os programas de sofrimento purificador. 


Felizmente, o conhecimento da realidade espiritual proporciona os recursos hábeis para os enfrentamentos necessários à transformação moral. 


Ignorando-se a lógica da evolução, é compreensível que o quadro reeducativo transforme-se em cárcere punitivo ou fenômeno de castigo, levando o rebelde a situações deploráveis que somente as expiações severas logram equilibrar. 


Desse modo, ninguém surpreenda-se ao considerar grande parte da sociedade como um grupo de excelentes artistas que dissimulam as emoções e ocorrências menos felizes, dando a impressão de que a sua existência transcorre em calmaria e júbilos incessantes. 


Ninguém, no mundo físico, existe, que se encontre indene ao sofrimento. 


Enquanto uns iludem-se por algum tempo, dando a impressão de que são invulneráveis à dor, outros estorcegam no desespero, máscara retirada do rosto e marcas profundas de aflição macerando sem cessar... 


A dor é, sem dúvida, uma educadora sublime e incompreendida, cuja missão é tornar felizes os desventurados, desde que, em razão do fustigar dos seus acúleos, a consciência desperta para as finalidades sublimes da vida. 


Sob disfarces variados ou desnudado, o sofrimento campeia, conduzindo as mentes distraídas à reflexão inevitável. 


Este indivíduo trabalha no bem e supõe-se credor somente das bênçãos da saúde e das benesses materiais. Aquele outro, oferece sacrifícios e cumpre promessas na tentativa de subornar a Divindade que o isentaria do sofrimento. 


Vãos comportamentos esses, porque a ação do bem, sob qualquer aspecto considerada, faz-lhe bem, edifica-o, mas não o impede de vivenciar as experiências aflitivas encarregadas da aferição dos valores morais... 


Observas, quase com inveja, os outros que galvanizam as massas, que desfilam no pódio da fama, e ignoras os conflitos em que se debatem, a intranquilidade em que passeiam a beleza, o poder, as glórias, todas ilusórias... 


Os deuses do sexo recebem aplausos em toda parte, exibem os dotes eróticos que desenvolvem, acumulam somas monetárias expressivas, sofrendo em silêncio abandono e abusos de toda ordem, e lamentas a tua ausência de idênticos atrativos... 


Não sabes, porém, o quanto de solidão os assinala, quanto são explorados por outros que lhes concedem migalhas, o vazio existencial que experienciam... 


Os astros dos esportes de massas que atingem o máximo e têm tudo, bem jovens ainda, insatisfeitos e aturdidos, mergulham no alcoolismo, na drogadição, nas depressões profundas...
Não é tua a dor, que somente a ti pertence... 


Jesus, que é o Excelente Filho de Deus, sem qualquer débito perante a Consciência Cósmica, elegeu no sofrimento acerbo, que não culminou na crucificação, pois que prossegue até hoje incompreendido, ensinando-nos resignação ante os aparentes infortúnios e proporcionando coragem diante das vicissitudes a que todos são chamados... 


Não te intoxiques com as queixas e reclamações ante os teus testemunhos. 


Poupa o teu próximo das tuas lamúrias, porque a dor é tua, mas também é de todos, pois que aqueles que eleges para narrar as dores também carregam pesados fardos, que vão procurando conduzir com elevação. 


Não creias que aquele que te aconselha viva em privilégio. A sabedoria com que te orienta haure-a no eito da aflição mantida com dignidade. 


Se conheces a reencarnação, sabes que todo efeito provém de causa equivalente e que, portanto, todas as ocorrências fazem parte do roteiro iluminativo de todos os seres. 


Consciente e conhecedor das Leis da Vida, alegra-te com o ensejo de crescer e de sublimar-te, avançando com coragem e destemor estrada afora, cantando o hino de louvor e de reconciliação. 


Agradece a Deus a oportunidade que te é oferecida para a recuperação moral e espiritual, cultivando o sentimento de paz, que tem função terapêutica no teu calvário, menos afligente, às vezes, do que o daquele a quem recorres buscando auxílio. 


O Espiritismo não é o mensageiro da eliminação do sofrimento. Antes é o consolador que te oferece recursos hábeis para que superes todo e qualquer conflito, amargura, provação, construindo o futuro melhor que te espera... 


A tempestade que vergasta a floresta é a responsável pelas futuras vergônteas exuberantes que se pejarão de flores e de frutos. 


O mesmo ocorre contigo. 


Tem paciência e nunca desistas da luta, nem te consideres perseguido pela Justiça Divina.
A paisagem humana é abençoado rincão do processo evolutivo, pelo Pai oferecido ao Espírito que necessita desenvolver a sublime chama que lhe arde no íntimo. 


Renova-te sempre e sem cessar, fazendo que cardos sejam flores e feridas purulentas convertam-se em condecorações de luz. 


Bendize as tuas dores e transforma as lágrimas de agora em futuras pérolas de incomparável beleza, com que te coroarás ao término da jornada, vitorioso sobre a noite da aflições... 

********************************
Joanna de Ângelis 

Divaldo Franco

quinta-feira, 10 de maio de 2012

As Pessoas más e a Justiça Divina




A Terra é um planeta de expiações e provas e os espíritos que nela reencarnam são, em sua maioria, imperfeitos e, por isso, sujeitos a cometer erros. Num tipo de planeta como esse, o mal predomina sobre o bem.

Ao lado de pessoas de índole boa, há indivíduos de natureza perversa. Os bons, frequentemente, são mais doentes, sofrem mais e vivem menos. Os maus, com raras exceções, gozam boa saúde, vivem mais tempo e parecem sofrer menos.

Esse contraste pode nos induzir a pensar que Deus exige mais dos bons e deixa os maus agirem livremente, se examinarmos o problema como se o espírito só encarnasse uma vez. Muitas pessoas ficam intrigadas com a não intervenção do Criador. E questionam: por que Ele não detém os delinquentes, sobretudo os que reincidem nos mesmos crimes? Por que não retira deste mundo tais pessoas? Por que não impede tais atos?

A Doutrina Espírita nos fornece preciosos esclarecimentos sobre o assunto, fundamentados na reencarnação, livre-arbítrio e lei de causa e efeito.

Cada existência é planejada, com antecedência, no Mundo Espiritual, antes da reencarnação. A duração da existência, saúde, doenças mais sérias, riqueza, pobreza fazem parte do planejamento. E todos os espíritos reencarnam com o objetivo de progredir, de só fazer o bem e de resgatar as dívidas contraídas em outras existências. Ninguém vem à Terra para fazer o mal.

Depois de reencarnados, os espíritos conservam o livre-arbítrio. Podem desviar-se dos rumos traçados no Mundo Espiritual, abandonar os planos de trabalhar pelo próprio aperfeiçoamento e desviar-se para o caminho do mal. Os espíritos mais imperfeitos correm maior risco de cometer tais desvios, enquanto os que já conquistaram certas qualidades costumam cumprir os planos traçados antes da reencarnação.

Deus não intervém. Deixa que Suas leis se cumpram no momento oportuno. Ensina-nos Allan Kardec: "A prosperidade do mau não é senão momentânea, e se ele não expia hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre, está expiando o passado" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 6).

Fica claro, pois, que o próprio espírito, utilizando o livre arbítrio que Deus concede a todos, traça a sua trajetória de deslizes e crimes hoje e grande sofrimentos no futuro, ou de aprendizado, lutas e sofrimentos hoje e felicidade no futuro.


 Umberto Ferreira

Revista Espírita Allan kardec - número 39

Escala de Valores do Espírita


O homem comum construiu para si, através dos séculos, uma escala de valores voltada para as coisas efêmeras. De acordo com ela, o homem vale pelo que tem e a sua importância é proporcional aos bens materiais que possui; e, em segundo lugar, aos títulos transitórios que ostenta. É a supervalorização dos bens materiais em detrimento das coisas espirituais.

O espírita, entretanto, tem uma concepção completamente diferente da vida. Compreende que a Terra nada mais é que uma escola abençoada, onde temos a oportunidade de realizar a nossa evolução. Entende que a verdadeira vida é a espiritual. Tem plena consciência de que os bens materiais são meios e não fim.

Por isso mesmo, a escala de valores do verdadeiro espírita será exatamente a inversa da tradicional.

Tudo o que ele faz visa primeiro à melhoria do Espírito imortal. Todos os seus atos são voltados para a conquista de bens eternos.

Por conseguinte, não se concebe um espiritista autêntico afastado do campo de trabalho da seara doutrinária em virtude de ocupações de outra ordem. Não há dúvida de que isto poderá acontecer, mas em situações transitórias.

Evidentemente não estamos preconizando o desprezo dos bens materiais, mas sim o desapego a eles, a sua utilização apenas como um dos meios de se chegar à espiritualização.

Dois ensinamentos de Jesus nos levam a compreender esta posição: um, o que nos aconselha a "acumular tesouros no Céu"; e, outro, o que nos ensina a "procurar primeiramente o Reino de Deus e a sua Justiça", pois que todas as outras coisas nos seriam dadas por acréscimo.

Basta refletirmos maduramente nestas palavras, para adorarmos um comportamento diametralmente oposto ao do homem comum, atribuindo às coisas materiais o valor relativo, que realmente têm, e às espirituais os valores reais, que efetivamente possuem.

Umberto Ferreira

REFORMADOR, FEVEREIRO, 1979

sábado, 5 de maio de 2012

RESULTADO DO PASSE





 Introdução:

Trabalhar pela difusão do magnetismo curador é ajudar a humanidade a desvencilhar-se dos grilhões do sofrimento.
Todos os campos culturais da Terra vão recebendo nova luz.
A química e a física evoluem para os prodígios da força nuclear.
A fisiologia avança, na solução de preciosos enigmas da vida.
A astrologia contempla novas galáxias pelos olhos mágicos dos grandes telescópios, descobrindo novos domínios do Universo.
A medicina adianta-se nos processos de curar.
A radiofonia elimina as fronteiras das nações.
A arte, embora torturada pelos impulsos de renovação, caminha e progride.
As aflições mentais, contudo, são ainda os mesmo suplícios de todos os séculos. E só a educação pode apaga-las. Educação espiritual que restaure o coração e reajuste o cérebro para bem pensar.

Sabemos hoje que o pensamento é energia criadora, com todas as qualidades positivas para materializar os nossos mais recônditos desejos e, atentos à realidade de que cada espírito transporta consigo o mundo que lhe é próprio, nascido dos ideais e das aspirações, dos propósitos e das atitudes que cultiva, é indispensável acordar em nós a força construtora do bem, exteriorizando-a, em todas as direções, porque somente nessa diretriz colocarnos-emos em sintonias com a lei.

Enquanto a incompreensão e a discórdia, o ciúme e a vaidade, filhos cruéis do ódio e do egoísmo, erguem cárceres de trevas para a mente humana, aprisionando-a em autênticas cristalizações de dor, espalhemos a boa vontade e a cooperação fraterna, a simplicidade e o serviço aos semelhantes, filhos abençoados do amor e da harmonia, que nos libertam o espírito, descortinandonos gloriosos horizontes de vida eterna. O seu livro de estudos, em torno dos trabalhos magnéticos de socorro e de cura, é admirável empresa, em que a instrumentalidade do seu sentimento e da sua inteligência traduziu primorosas lições e salvadores apelos de abnegados Benfeitores da Espiritualidade Santificante, que lhe assistem as tarefas da mediunidade redentora.

Tudo é magnetismo na Vida Universal.
Entre os mundos é gravitação.
Entre as almas é simpatia.

E como sabemos que há correntes de simpatia para o mal que arrastam as criaturas para o mal que arrastam as criaturas para tenebrosos sorvedouros de flagelação, trabalhemos destemerosos, na extensão das correntes de simpatia para o bem, as únicas suscetíveis de soerguer-nos à imortalidade vitoriosa.


 RESULTADOS DO PASSE: 

Partindo da definição do passe que é transfusão de forças ou energias psico-espirituais de uma para outra criatura, fica fácil entendermos quais os seus resultados.
Temos um receptor, um doador e é preciso considerar o elemento intermediário que é o fluido. Os encarnados e desencarnados vivem mergulhados em um meio comum, a atmosfera fluídica derivada do Fluído Cósmico Universal, que preenche o espaço quer na sua forma primitiva, elementar, quer na forma
modificada pela ação da mente, seja a Mente Divina (criação), a dos Espíritos superiores (ambiente espiritual que lhes é próprio) ou a dos Espíritos ligados a Terra, encarnados e desencarnados (formando a atmosfera espiritual em que vivemos).
Tanto os encarnados como os desencarnados são possuidores de um organismo de natureza semimaterial, fluídico – de constituição eletromagnética -, cujo funcionamento se faz na dependência da mente do Espírito, utilizando, porem, os fluidos. Assim como no corpo físico o sangue circula por todo o organismo, levando-lhe a alimentação e veiculando as escórias, no perispírito o que circula são os fluidos comandados pela mente.

Alguém que se perturbe se desequilibre passa a ter um “déficit” de fluidos saudáveis (porque saúde é equilíbrio das forças naturais que nos constituem), e passa a absorver e armazenar fluidos que sua própria mente, vibrando em padrões inferiores, se encarrega de tornar pesados, desagradáveis, doentios. Os fluidos de ordem inferior vão aos poucos se infiltrando do perispírito para as próprias células do corpo físico, levando a um mau funcionamento um órgão, um sistema ou um aparelho. Quebrada a resistência natural, fica o organismo entregue ao assalto das várias causas conhecidas ou desconhecidas responsáveis pelas doenças.

No passe o que ocorre é que o agente (o que transmite) é dotado de recursos vitais e espirituais suficientes para transmiti-los ao paciente (o que recebe), modificando-lhe momentaneamente o seu estado vibratório, podendo causar uma melhora acentuada ou até mesmo a cura de uma doença nascida da imprevidência atual do seu portador.

Os resultados podem ser de três ordens: benéficos, maléficos e nulos.

 BENÉFICOS:

A) Dependem do passista que deve estar em condições de transmitir o passe:

1º) Saúde física (o fluido vital depende do estado de saúde do passista).
2º) Equilíbrio espiritual (o fluido espiritual depende da elevação espiritual do passista).

B) Dependem do paciente, que deve estar:

1º) Receptivo (favorável ao recebimento da ajuda, vibrando mentalmente para melhor absorver o recurso espiritual).

2º) Disposto a se melhorar espiritualmente (a ajuda do passe é passageira e tais recursos fixar-se-ão e novos acrescentar-se-ão quando o indivíduo passar a ter vida cristã).

MALÉFICOS:

A) Dependem do passista quando está:

1º) Em estado de saúde precária (fluido vital deficitário)
2º) Com o organismo intoxicado (vícios, como o fumo, o álcool, as drogas, etc.).
3º) Em estado de desequilíbrio espiritual (revolta, vaidade, orgulho, raiva, desespero, desconfiança, etc.).

B) Dependem do paciente:

- - Quando as suas defesas estão praticamente nulas e não pode neutralizar a torrente de fluidos grosseiros e inferiores que lhe são transmitidos por passista despreparado.

NULOS:

Dependem do paciente:

1º) Embora a ajuda seja boa por parte do passista, o paciente se coloca em posição impermeável (descrença, leviandade, aversão).

2º) Quando consegue neutralizar os fluidos grosseiros transmitidos pelo médium despreparado.



BIBLIOGRAFIA:

 Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Pão Nosso, Capítulo 44; Idem, Seara dos Médiuns, Capítulo 67.

Bibliografia:

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Parte Segunda, Cap. XIX; Introdução, II – final.
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Capítulos XIV, item 172, XVI, item 188 e XIX item 225.
DENIS, Leon. No Invisível. Segunda Parte, Cap. XIX.
XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. VII e XVI.
XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. Cap. V.
TEIXEIRA, José Raul. Desafios da Mediunidade. Pelo Espírito Camilo. Questões 14, 15, 16 e 28.
PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade. Capítulo IX – Incorporação.
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SEF – Sociedade Espírita Fraternidade
Estudo Teórico-prático da Doutrina Espírita

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Desencarnes tranquilos



Francisco Aranda Gabilan

Chama a atenção dos espíritas curiosos, bem assim daqueles altamente preocupados com o "fim" desta jornada, a forma como desencarnarão:
 por modos violentos, sofridos, demorados, dolorosos?

Isso é um pouco influência da literatura espírita e de muitas das comunicações de desencarnados, que
contam os dramas do momento de abandono da matéria, da morte, na linguagem geral e comum. Espíritos contam com pormenores os "horrores" por que passaram naquele momento e nos que se seguiram: 

uns, fruto de inaceitável doença prolongada e grave, seguidas de medos, sustos, sobressaltos; outros, passaram por desastres individuais ou coletivos, acidentes com máquinas velozes; não poucos vítimas de assassinatos horripilantes, difíceis de avaliar se derivados de expiação ou provas; outros ainda, induzidos
ou decididos ao suicídio, descrevendo todos os desequilíbrios daí derivados; outros mais, "vítimas" de infartos fulminantes, de cânceres corrosivos, etc., etc., etc.

Parece um verdadeiro circo dos pavores, como se apenas tais circunstâncias valeriam a pena descrever, para avisar "os que ficam", para que se preparassem!

Mas, para consolo de todos nós, algumas criaturas nos dão exemplos de desencarne manso, tranquilo, edificante, meritório, comprovando que tal é possível e está mais ao alcance nosso (de nós todos!) mais
amiudemente do que se imagina.

Para confirmar, uma pequena história -- absolutamente verdadeira -- que nos foi contada por companheiros bem chegados na Doutrina e confirmada por militantes do Centro Espírita LAR DO AMOR CRISTÃO, lá do bairro do Ipiranga. 

Trata-se de uma Casa antiga, onde militou por muitos anos o extraordinário confrade LUIZ RODRIGUES
DA CRUZ.

É ele -- o LUIZ CRUZ, como o chamamos por décadas -- o personagem central desta história edificante.Espírita de "quatro costados", altamente evangelizado e evangelizador, incentivador de toda atividade doutrinária, que conheci na Federação Espírita do Estado de São Paulo, lá pelos anos 70, quando iniciei minhas lides como expositor. 

Uma das minhas primeiras turma de trabalho foi exatamente dirigida por ele, que fora diretor da Fraternidade dos Discípulos de Jesus, companheiro de trabalho do Comandante Edgard Armond, além de Conselheiro e diretor da FEESP. 

Pois, essa turma (uma das muitas que ele comandou) saiu "formada" da FEESP e assumiu, literalmente, a direção de um Centro na Moóca, que se encontrava em fase de desativação por falta de trabalhadores: 
o C. E. Emmanuel. 

Lá também fiz exposições, a convite do mesmo Luiz Cruz.

Quantas e quantas aulas e palestras não fiz a convite desse denodado companheiro, especialmente no Lar do Amor Cristão, nas turmas de Aprendizes do Evangelho, que eram sua especialidade dirigir e levar adiante,
preparando milhares de trabalhadores na Seara do Mestre e divulgando o kardecismo, tanto no País como na França, na Espanha, em congressos de que participou, e também legando-nos obras como "Aprendendo com as Epístolas" e "André Luiz em Reflexão". 

Criatura mansa, pacífica, de fala amorosa e doce, de gestos comedidos, elogiado e admirado por todos -- alunos, diretores, expositores, trabalhadores e assistidos --, dada sua simpatia, dedicação, meiguice, afabilidade e ternura no trato com as pessoas. 

E, com tal postura, trabalhou toda sua vida dando exemplo de reforma do Ser, reformando os seres e preparando-os para um mundo de regeneração efetivo e real – um verdadeiro espírita, como o definira Kardec.

Pois é, mas o Luiz Cruz (só o soubemos depois, pelos amigos, daí porque não fomos dar-lhe o adeus no descenso do corpo físico) desencarnou, como é obrigatório a todos nós na escalada dos estágios evolutivos. 

Mas, até nesse momento nos deu um exemplo consolador: consta que ele e a esposa estavam fazendo sua caminhada diária no parque do Ibirapuera, quando ele parou e chamou a atenção para o alarido que os pássaros estavam fazendo, cantando alto e vibrante. 

Nesse instante, dirigiu-se para um árvore, abraçou-a serenamente e, ali, manteve-se calado, inerte, sereno, tranquilo, brando, plácido, em paz... e desencarnou!

Assim, liberou-se do corpo físico, sem traumas, sem alarde, sem dores profundas, sem horrores contundentes. 

Passou para a pátria espiritual como para tal se preparara: mansamente!

Assim, amigos, tomemos para paradigma esse espírito exemplar: se quisermos ser "premiados" com um desencarne pacífico e manso, como o do Luiz Cruz, temos que lutar para tê-lo, temos que construí-lo -- hoje, já, agora, na jornada da vida terrestre -- temos que angariar méritos para isso... 

Sabem como? – levando firmemente a cabo os ensinos dos Espíritos (baseados na moral do Cristo): 
amar ao próximo como a si mesmo; cada um dando e fazendo aquilo que estiver ao seu alcance na encarnação que cursa, sejam quais qualidades forem - fruto da inteligência, das artes, dos ofícios, dos dons espirituais e morais.

Lembremo-nos que está ao alcance de cada um de nós e a todos angariar aqueles méritos, pois que cumpre ao homem "fazer o bem no limite de suas forças; porquanto responderá por todo o mal que haja resultado de não haver praticado o bem." (L.E., questão 642), sendo que "fazer o bem não consiste, para o homem, apenas ser caridoso, mas em ser útil, na medida do possível, todas as vezes que o seu concurso venha a ser necessário." (Idem, questão 643).
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Fim

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Reflexões sobre a passagem da vida terrena para a espiritual






C.E.E.I


Índice Geral


I – A hora final ...................................................................................................................... 1


II – Todos morreremos um dia .............................................................................................. 2


III – Preparação para a morte ................................................................................................ 3


IV – O despertar da borboleta ............................................................................................... 4


V - Podemos morrer antes do prazo previsto? ...................................................................... 6


VI – Morrer é fácil, difícil é desencarnar .............................................................................. 6


VII – Desprendimento do Espírito do corpo material........................................................... 7


VIII – Cordão de Prata .......................................................................................................... 8


IX – Revisão Panorâmica ...................................................................................................... 9


X – Sono profundo ................................................................................................................ 9


XI – Nada podemos levar .................................................................................................... 10


XII – Adaptação no Plano Espiritual................................................................................... 11

XIII – Sintonia entre os dois Planos.................................................................................... 12


XIV – Um apelo dos desencarnados aos que ficam ............................................................ 13


XV – Como superar a saudade ............................................................................................ 14


XVI – Esclarecimentos de Emmanuel................................................................................. 15


XVII – BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 17



I – A hora final

O que passa no momento da morte? Como se desprende o Espírito do corpo material? Quais as impressões, as sensações que podemos ter nesta hora? Para onde iremos após o desenlace da matéria? Por que temos tanto medo da morte?

Lama Segyu Choepel Rimpoche, budista tibetano, fez um comentário bastante interessante no livro “Morrer não se improvisa” (autoria de Bel Cesar – Ed. Gaia):

“Os pequenos medos da vida escondem nosso maior medo: a morte. Gostaríamos de não ter nenhuma referência sobre ela. Falar sobre o assunto morte é um verdadeiro tabu.

Até mesmo aqueles que estão envolvidos num caminho espiritual têm dificuldade de falar abertamente sobre a morte. Temos dificuldades em lidar com a morte, porque ela revela a impermanência da vida. Sabemos que ela é certa, mas como desconhecemos quando ela ocorrerá, sentimos medo e não gostariamos de falar sobre isso. Mas é justamente falando sobre a morte, que iremos compreender melhor a nós mesmos.”

As questões citadas acima e mais outras serão abordadas neste presente trabalho, numa forma de trazer mais informações sobre o que acontece no momento do desencarne, o que pode nos esperar na espiritualidade e como podemos nos preparar para este momento que tanto tememos. O conhecimento das leis espirituais e do processo de desencarnação são de grande importância como preparativos à morte. É possível suavizar os nossos últimos momentos, proporcionando fácil desprendimento, permitindo assim uma rápida adaptação no mundo novo que nos espera.

II – Todos morreremos um dia
Por intuição, todos sabem que morrerão um dia, mas evitam tocar no assunto, achando que isto só poderá acontecer com o seu vizinho.

No entanto, muitos têm medo da morte porque desconhecem todo o processo de passagem para o Plano Espiritual e quando isto poderá acontecer. Temos a certeza que iremos morrer, mas não temos idéia que quando isto irá acontecer.

O Espiritismo trouxe os devidos esclarecimentos, tirando as fantasias criadas por outras religiões, mostrando os mistérios para o retorno ao nosso verdadeiro lar, e que podemos encarar a morte com serenidade, nos dando as devidas informações de como podemos no preparar para este momento.

Emmanuel afirma que devemos cuidar do corpo humano como se ele fosse viver eternamente, e do Espírito como se fosse desencarnar amanhã.

Há uma frase muito famosa de Confúcio, antigo filósofo chinês, que resume o que foi dito acima: “Aprende a bem viver e bem saberás morrer!”

Em “Quem tem medo da morte” Richard Simonetti nos informa que “O ideal é estarmos sempre preparados, vivendo cada dia como se fosse o último, aproveitando integralmente o tempo que nos resta no esforço disciplinado e produtivo de quem oferece o melhor de si em favor da edificação humana. Então, sim, teremos um feliz retorno à pátria espiritual.”


III – Preparação para a morte


Em “Quem tem medo da morte”, de Richard Simonetti, há um trecho que merece destaque, nos alertando sobre como devemos encarar a morte:

“Compreensível, pois, que nos preparemos, superando temores e dúvidas, inquietações e enganos, a fim de que, ao chegar nossa hora, estejamos habilitados a um retorno equilibrado e feliz. O primeiro passo nesse sentido é o de tirar da morte o aspecto fúnebre, mórbido, temível, sobrenatural. Há condicionamentos milenares nesse sentido. Há pessoas que simplesmente recusam-se a conceber o falecimento de um familiar ou o seu próprio. Transferem o assunto para um futuro remoto.

 (...) O Espiritismo nos oferece recursos para encarar a morte com fortaleza de ânimo, inspirados igualmente na fé. (...) Uma fé inabalável de quem conhece e sabe o que o espera, esforçando-se para que o espere o melhor. (...) O despreparo para a morte caracteriza multidões que regressam todos os dias, sem a mínima noção do que os espera, após decênios de indiferença pelos valores mais nobres. São pessoas que jamais  meditaram sobre o significado da jornada terrestre: de onde vieram, porque estão no mundo, qual o seu destino. Sem a bússola da fé e a bagagem das boas ações, situam-se perplexas e confusas.”


Vejamos um depoimento extraído de “A Vida Triunfa”, mensagem ditada por Carlos Alberto Andrade Santoro, através de Chico Xavier:

“Acordei, achava-me num educandário-hospital dirigido por antigos benfeitores de São José do Rio Preto. Meu bisavô Santoro me afagava, minha tia Maria me falava com bondade, mas não precisaram doutrinar-me quanto à Grande Renovação. (...) compreendi que, mesmos nós Espíritas da mocidade e da madureza, o que penso, não nos achamos assim tão preparados para a transferência de plano, como julgamos, porque o choro do Antoninho Carlos me arrasava e as lágrimas do senhor e minha mãe caiam sobre minha alma como se fossem gotas de algum ácido que me queimava por dentro todas as energias do coração.”

Este trecho desta carta de Carlos Alberto dirigida aos seus pais, relata claramente a falta de preparo, inclusive de nós Espíritas, para entrar no outro lado da vida.

Infelizmente este é o perfil da grande maioria dos habitantes de nosso planeta.

Lama Guelek Rempoche, budista tibetano, fazendo um comentário no livro de Bel Cesar (“Morrer não se improvisa”) disse que podemos nos preparar para a morte, assim como quem se prepara para uma viagem. Se nos prepararmos com antecedência, teremos mais chance de lembrar de tudo que queremos levar. “O que vocês querem levar quando partir? Quando eu for não quero ir com raiva, com insatisfação ou com arrependimento, nem com apego. Eu quero ir como um pássaro, que levanta vôo do topo de uma montanha. Não quero ninguém segurando meus pés. Não quero nenhuma carga nas minhas costas. Quero ir como um Espírito livre.”

Liane Camargo de Almeida Alves, jornalista especializada em assuntos espirituais, editora da revista Bons Fluídos (Ed. Abril), fez o seguinte comentário: “Morrer não se improvisa, dizem todas as linhas espirituais do mundo. A preparação para o momento da morte acontece em cada instante de nossa existência. Cada segundo em que nos sentimos realmente vivos, com intensidade total, nos preparamos para a morte. Nesses momentos de presença vibrante, em que vivemos o aqui e agora do corpo e alma, entramos em contato com as vibrações sutis que se armazenam na nossa memória, na  nossa essência mais profunda, aquela que continua depois da morte. O conjunto desses momentos de alta vibração que podemos provar em nossas vidas condicionará o nível de energia que poderemos alcançar no momento da morte. É incrível, mas o viver condicionará o morrer.”

E é persistindo na prática diária da prece, da meditação, no exercício constante do amor e da compaixão, com a mente calma e um coração amoroso, teremos com certeza uma morte tranquila.

IV – O despertar da borboleta(1)
Em 1958, o Espírito de André Luiz explicou, em “Evolução em dois mundos” – através de Chico Xavier, o processo de morrer, comparando-o a metamorfose de uma borboleta.

Acompanhando de perto esse processo, fica mais fácil entender o que acontece a muitos pacientes em fase terminal, nesses momentos que antecedem a morte.

No estágio final da metamorfose, a lagarta começa a diminuir os seus momentos, até paralisá-los completamente. Sua digestão fica paralisada e ela não consome mais nenhum tipo de alimento. Ela permanece imóvel, transformando-se em crisálida ou pupa. Fica, assim, dentro do casulo, protegida das intempéries pelos fios que produz a secreção das glândulas salivares e pelos tecidos vegetais, e pequenos gravetos do meio ambiente. Nesse estado, pode ficar alguns dias e até meses.

Na posição de crisálida, o organismo da lagarta sofre modificações consideráveis, com a destruição de determinados tecidos (histólise) e, ao mesmo tempo, a elaboração de órgãos novos (histogênese). Os sistemas digestivos e muscular sofrem alterações de cunho degenerativo, reconstruindo-se depois em bases novas. Nessa reconstrução (histogênese), formam-se novo orifício bucal e trompas de sucção e os músculos estriados são substituídos por órgãos novos. Assim, um belo dia, uma linda borboleta deixa o casulo.

Na morte fisica a alma humana passa por um processo semelhante. Com o esgotamento da força vital, em virtude da idade avançada, da enfermidade ou por algum outro fator destrutivo externo, declinam as forças fisiológicas, paralisam-se os movimentos lembra o estágio de pupa ou crisálida.

E assim como a lagarta produz os filamentos com que se enovela no casulo, também a alma envolve-se nos fios dos próprios pensamentos. Nessa fase, há o predomínio das forças mentais, tecido com as próprias idéias reflexas dominantes do Espírito, estabelecendo-se estado de crisálida, por um período que varia entre minutos, horas, dias, meses ou decênios.

Com a morte, há destruição dos tecidos corpóreos (histólise) e, ao mesmo tempo, uma reconstrução (histogênese) de alguns tecidos do corpo espiritual ou envoltório sutil.

Este é em tudo semelhante ao corpo físico, só que construído de outro tipo de matéria, ainda desconhecido da Ciência, e que serve de vestimenta ao Espírito na outra dimensão da vida. Assim, durante o processo do morrer, há elaboração de órgãos novos, resultantes de grandes alterações dos sistemas digestivo e muscular, além de outras modificações nos sistemas circulatório, nervoso ou genésico. Desse modo, pela histogênese espiritual, órgãos novos recompões esse envoltório sutil, tornando-o um tanto diferente do corpo físico, embora, na aparência, sejam idênticos. Por serem externamente tão similares, os médiuns videntes descrevem os chamados “mortos” tal com se apresentavam durante a existência física.

Somente ao término desse processo de reconstituição do corpo espiritual, a borboleta abandona o casulo, isto é, o Espírito larga o corpo físico, ao qual se uniu, temporariamente durante a existência  física e que lhe serviu de sagrado instrumento de aprendizado.

Como se vê, morrer é fácil, mas o processo de desencarnação é mais difícil. Após a morte física, o Espírito ainda tem um lapso de tempo, mais ou menos longo, para desprender-se totalmente dos liames da existência terrestre, segundo o estágio evolutivo em que se encontra.


V - Podemos morrer antes do prazo previsto?


Temos aquela falsa imagem de que tudo tem o seu dia, até para morrer. Só que na realidade, ocorre justamente o contrário. A grande maioria dos seres humanos não cumprem o que foi “contratado” antes da sua reencarnação, e acabam voltando antes do tempo previsto ao plano espiritual, devido as diversos fatores.

Falando numa linguagem figurada, a título de exemplo, recebemos um carro novo, com o tanque cheio de combustível, todo calibrado, para que possamos fazer uma longa viagem. Quem nos forneceu o veículo, nos orienta para andar a 80 km/hora, a frear nas curvas, não forçar o motor nas subidas, a fazer troca de óleo a cada 10 km, periodicamente fazer revisão, ... Se obedecermos todas as regras estabelecidas, chegaremos ao nosso destino. Agora, se começarmos a correr a 120 km/hora, não respeitar as “regras de trânsito”, fazer as curvas “cantando pneu”, ..., com certeza iremos desregular o motor, a gastar mais combustível além do previsto e com certeza poderemos não chegar ao nosso destino, devido a problemas no automóvel.

Fazendo uma analogia com o nosso corpo físico, podemos destruir o nosso organismo de fora para dentro com o álcool, o cigarro, os tóxicos, excessos alimentares, com a ausência de exercícios físicos, falta de higiêne, repouso físico inadequado. Tudo isto pode abreviar a nossa vida física.

Também podemos lesar o nosso organismo de dentro para fora cultivando pensamentos negativos, sentimentos desequilibrados, pessimismo, rancor, ódio, agressividade, irritação constante, podendo afetar o nosso sistema imunológico, represando mágoas, ressentimentos, depressão, favorecendo a termos um infarto, tumores, câncer, ..., antecipando o nosso desencarne, e por consequência a nossa adaptação no Plano Espiritual, sendo considerado um caso de suicídio, onde teremos que responder pelos prejuízos causados ao nosso corpo físico, e por consequência, essas anomalias irá repercutir em nosso perispírito, trazendo problemas em futuras reencarnações, originando  deficiências em nosso próximo corpo físico.

VI – Morrer é fácil, difícil é desencarnar(2)

(2) Texto extraído do livro “Depois da Morte” – Léon Denis – Ed FEB

As sensações que precedem e se seguem à morte são infinitamente variadas e dependentes sobretudo do caráter, dos méritos, da elevação moral do Espírito que abandona a Terra.

A separação é quase sempre lenta e o desprendimento da alma opera-se gradualmente.

Começa, algumas vezes, muito tempo antes da morte, e se completa quando ficam rotos os últimos laços fluídicos que unem o perispírito ao corpo. A impressão sentida pela alma revelasse penosa e prolongada quando esses laços são mais fortes e numerosos. Causa permanente da sensação e da vida, a alma experimenta todas as comoções, todos os despedaçamentos do corpo material.

Dolorosa, cheia de angústias para uns, a morte não é, para outros, senão um sono agradável seguido de um despertar silencioso. O desprendimento é fácil para aquele que previamente se desligou das coisas deste mundo, para aquele que aspira aos bens espirituais e que cumpriu os seus deveres. Há, ao contrário, luta, agonia prolongada no Espírito preso à Terra, que só conheceu os gozos materiais e deixou de preparar-se para esta viagem.

Entretanto, em todos os casos, a separação da alma e do corpo é seguido de um tempo de perturbação, curto para o Espírito justo e bom, que desde cedo despertou ante todos os esplendores da vida celeste; muito longo, a ponto de abranger anos inteiros, para as almas culpadas, impregnadas de fluidos grosseiros. Grande números destas últimas crê permanecer na vida corpórea, muito tempo mesmo depois da morte. Para estas, o perispirito é um segundo corpo carnal, submetido aos mesmos hábitos e, algumas vezes, as mesmas sensações físicas como durante a vida terrena.

A hora da separação é cruel para o Espírito que só acredita no nada. Agarra-se como desesperado a esta vida que lhe foge. Os Espíritos inferiores levam consigo para o além do túmulo os hábitos, as necessidades, as preocupações materiais. Não podendo elevar-se acima da atmosfera terrestre, voltam a compartilhar a vida dos entes humanos, intrometem-se nas suas lutas, trabalhos e prazeres. Suas paixões, seus desejos, sempre vivazes e aguçados pelo permanente contacto da humanidade, os acabrunham; a impossibilidade de os satisfazerem torna-se para eles causa de constantes torturas.

Pacífica, resignada, alegre mesmo, é a morte do justo, a partida da alma que, tendo muito lutado e sofrido, deixa a Terra confiante no futuro. Para esta, a morte é a libertação, o fim das provas. Os laços enfraquecidos que ligam à matéria, destacam-se docemente; sua perturbação não passa de leve entorpecimento, algo semelhante ao sono.

VII – Desprendimento do Espírito do corpo material
Em “Nossa Vida no Além”, Marlene Nobre cita uma passagem do livro “The Spirit World”, de Florence Marryat, sobre a visão da médium Edith acerca do processo de separação da alma de sua irmão do corpo físico:

“Foi então que Edith começou a perceber uma espécie de ligeira nebulosidade,semelhante à fumaça que, condensando-se gradualmente acima da cabeça, acabou por assumir as proporções, as formas e os traços da irmã moribunda, de modo a se lhe assemelhar por completo. Essa forma flutuava no ar, a pouca distância da doente. À medida que o dia declinava, a agitação da enferma minorava, sendo substituída, à tarde, por prostração profunda, precursora da agonia. Edith contemplava avidamente a irmã: o rosto tornara-se lívido; o olhar se lhe obscurecera, mas, ao alto, a forma fluídica purpureava-se e parecia animar-se gradualmente com a vida que abandonava o corpo.

Um momento depois, a moça jazia inerte e sem conhecimento sobre os travesseiros, mas a forma transformara-se em Espírito vivo. Cordões de luz, no entanto, semelhantes a florescências elétricas ligaram-se ainda ao coração, ao cérebro e aos outros órgãos vitais.

Chegando o momento supremo, o Espírito oscilou algum tempo de um lado para outro, para vir, em seguida, colocar-se ao lado do corpo inanimado: ele era, em aparência, muito fraco e mal podia suster-se.

E enquanto Edith contemplava essa cena, eis que se apresentaram duas formas luminosas, nas quais reconheceu seu pai e sua avó, mortos ambos nessa mesma casa.

Aproximaram-se do Espírito recém-liberto, romperam os cordões de luz que ligavam ainda ao corpo e, apertando-os nos braços, dirigiram-se à janela e desapareceram.”
Casos semelhantes são narrados por André Luiz, através de Chico Xavier em “Obreiros da vida eterna” (ver casos: Dimas / Fábio / Cavalcante / Adelaide).


VIII – Cordão de Prata
O que é o cordão de prata? Qual a sua função? Analisando o caso Dimas (“Obreiros da vida eterna”) André Luiz faz a seguinte observação:
 Dimas-desencarnado elevou-se alguns palmos acima de Dimas-cadáver, apenas ligado ao corpo através de leve cordão prateado, semelhante a sutil elástico, entre o cérebro de matéria densa, abandonado, e o cérebro de matéria rarefeita do organismo liberto. (...)

Tive a nítida impressão de que através do cordão fluídico, de cérebro morto ao cérebro vivo, o desencarnado absorvia os princípios vitais restante do campo fisiológico. (...) O apêndice prateado era verdadeira artéria fluídica, sustentando o fluxo e refluxo dos princípios vitais em readaptação. Retirada a derradeira via de intercâmbio, o cadáver mostrou sinais quase de imediato, de avançada decomposição.”

Este cordão de prata, geralmente não é cortado de imediato, logo após o desencarne.

Segundo Emmanuel, em “O Consolador”, a grande maioria das criatura humanas necessita de 50 a 72 horas para que este corte se concretize.

Bezerra de Menezes, em “Voltei” (de Irmão Jacob, através de Chico Xavier), esclarece que na maioria dos casos não seria possível libertar os desencarnados tão apressadamente, que a rápida solução do problema liberatório dependia, em grande parte, da vida mental e dos ideais a que se liga o homem na experiência terrestre.

IX – Revisão Panorâmica


Uma das etapas do processo de desencarnação, consiste em contemplar o passado, dentro do campo interior, como se revisse um filme, com todos os detalhes, da existência que está se encerrando.

Vejamos o que Irmão Jacob, em “Voltei”, descreve esse processo vivenciado por ele mesmo:

“(...) experimentei abalo indescritível na parte posterior do crânio. Não era uma pancada. Semelhava-se a um choque elétrico, de vastas proporções, no intimo da substância cerebral. (...) Senti-me no mesmo instante, subjugado por energias devastadoras. A que comparar o fenômeno? A imagem mais aproximada é a de uma represa, cujas comportas fossem arrancadas repentinamente. Vi-me diante de tudo o que eu havia sonhado, arquitetado e realizado na vida. Insignificantes idéias que emitira, tanto quanto meus atos mínimos, desfilavam, absolutamente precisos, ante meus olhos aflitos, como se me fossem revelados de roldão, por estranho poder, numa câmara ultra-rápida instalada dentro de mim. Transformara-se- o pensamento num filme cinematográfico misteriosa e inopinadamente desenrolado, a desdobrar-se, com espantosa elasticidade, para seu criador assombrado, que era eu mesmo.”

X – Sono profundo


Baseado nos relatos de 500 (quinhentas) cartas post-mortem, Marlene Nobre constatou que praticamente todos mencionam um sono profundo, dificil de se controlar, na passagem para o Além.

Vejamos, a título de exemplo, algumas declarações deixadas nas mensagens psicografadas por Chico Xavier:

(1) “(...) Num lance veloz de tempo revi todo a minha vida curta de rapaz e em seguida me arrojei num sono pesado de que só despertaria dias depois, a fim de que conscientizei quanto ao total da verdade, crente de que me achava em uma organização hospital” (extraído de “Eles Voltaram” – mensagem ditada pelo Espirito de Nestor Macedo Filho)

(2) “(...) irrestível desejo de dormir assaltou-me. Bezerra, Andrade e Marta eram benfeitores e expressavam a vida diversa em que eu penetraria doravante.


Com certeza guardariam mil informações preciosas que eu esperava, curioso e feliz, mas, como vencer o sono a pesar-me no cérebro?” (extraído de “Voltei”- Irmão Jacob através de Chico Xavier)

Espiritos muito ligados aos interesses da matéria, tem necessidade de ficar na quase total inconsciência após a morte. São seres primitivos que estão despreparados para a vida no Plano Espiritual. Eles entram em sono profundo, outros em pesadelos torturantes...

André Luiz nos relata em “Os Mensageiros” que existem pavilhões inteiros onde Espíritos

dormem profundamente após a morte, por anos a fio: “São criaturas que nunca se entregaram ao bem ativo e renovador (...) os que acreditavam convictamente na morte, como sendo o nada, o fim de tudo, o sono eterno.”


XI – Nada podemos levar
Os Espíritos Superiores responderam a Allan Kardec que a alma nada leva deste mundo a não ser a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor, lembrança cheia de doçura ou de amargor, conforme o uso que ela fez da vida. Quanto mais pura for, melhor compreenderá a futilidade do que deixa na Terra.

No Evangelho Segundo o Espiritismo, Blaise Pascal ditou uma mensagem que resume bem este aspecto:

“O homem não possui de seu senão o que pode levar deste mundo. O que encontra ao chegar, e o que deixa ao partir, goza durante sua permanência na Terra; mas, uma vez que é forçado a abandoná-lo, dele não tem senão o gozo e não a posse real.

Que possui ele pois? Nada daquilo que é para uso do corpo, tudo o que é de uso da alma:

a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais; eis o que traz e o que leva, o que não está no poder de ninguém lhe tirar, o que lhe servirá mais ainda no outro mundo do que neste; dele depende ser mais rico em sua partida do que em sua chegada, porque daquilo que tiver adquirido em bem depende sua posição futura.”

Portanto, compreendemos que o Espírito sofre as consequências de todas as imperfeições que não conseguiu corrigir na vida terrena. A alma traz dentro de si o inferno ou o paraíso, não importa onde se encontre.

“A cada um segundo as suas obras, no Céu com na Terra: tal é a Lei da Justiça Divina”, já dizia Allan Kardec.

Se durante a vida terrena, a Entidade Espiritual passou somente preocupada em satisfazer o seu próprio egoísmo, após a morte pode não ultrapassar os planos grosseiros, as zonas das trevas, as regiões mais densas do mundo espiritual.


XII – Adaptação no Plano Espiritual






Marlene Nobre, no seu excelente livro “Nossa Vida no Além”, nos relata que “a adaptação ‘ao outro lado’ da vida varia de acordo com o grau evolutivo do Espírito.
Para a imensa maioria dos desencarnados de evolução espiritual mediana, ela não se faz senão lentamente, influenciada por inúmeros fatores.

Para os de condição inferior, a permanência nos planos da sombra representa sofrimento em graus diversos, vida desorganizada, sevícias cruéis ou aprofundamento nos caminhos improdutivos da ignorância, com requintes de maldade.
Os assuntos pendentes de toda ordem – financeiros, emocionais, afetivos e, principalmente, o complexo de culpa – trazidos da crosta, vão exercer papel preponderante no estado de ânimo dos convalescentes espirituais, influindo, diretamente, na adaptação deles à Vida Nova”  Outros fatores que dificultam a adaptação do Espírito nesta fase de transição no novo Plano, são a saudade dos entes queridos que ficaram e a sua formação religiosa.
A grande deficiência da maioria das religiões é que elas não preparam seus fiéis para a morte.
Como ilustração, vamos relatar um trecho, extraído do livro “Cartas de Uma Morta”, ditadas por d. Maria João de Deus, mãe de Chico Xavier, através do próprio médium, onde relata as impressões iniciais da sua vida no Além:

“Para mim, meu caro filho, as últimas impressões da existência terrena e os primeiros dias transcorridos depois da morte foram muito amargos e dolorosos. Quero crer que a angústia, que naquele momento avassalou a minh’alma, originou-se da profunda mágoa que me ocasionava a separação do lar e dos afetos familiares, pois, apesar de crer na imortalidade, sempre enchiam-me de pavor os aparatos da morte; e dentro do catolicismo, que eu professava fervorosamente, atemorizava-me a perspectiva de uma eterna ausência. Lutei, enquanto me permitiram as forças físicas, contra a influência aniquiladora do meu corpo; mas foi uma luta singular a que sustentei, como sói acontecer aos corações maternos, quando periga a tranquilidade dos seus filhos.

Unicamente esse amor obrigava-me ao apego à vida, porque os sofrimentos, que já havia experimentado, desprendiam-me de todo o prazer que ainda pudesse me advir da coisa terrestres.”

Como podemos ver, a formação religiosa e os afetos deixados na vida terrena, exercem uma influência muito grande na fase de adaptação à nova vida na espiritualidade.
No caso da mãe de Chico Xavier, tinha forte influência da religião católica (“... a perspectiva de uma eterna ausência...”) e a sua maior dor e preocupação era com os 9 (nove) filhos que deixou, todos eles na idade infanto-juvenil.
XIII – Sintonia entre os dois Planos
No período que se segue à morte física, os habitantes dos dois planos da vida continuarão a exercer influência recíproca acentuada, em geral insuspeita pelos encarnados. É claro que esta influência perdurará sempre, mas não terá o grau de intensidade dos primeiros tempos de separação. É natural que seja assim porque nós nos alimentamos do magnetismo das pessoas amadas. Quando a morte nos impõe a separação provisória, sentimo-nos lesados no âmago do ser, necessitado de recompor as energia básicas, de rearranjar o circuito de forças magnéticas no qual nos equilibramos. Este raciocínio é válido para os que se encontram nos dois planos da vida.

A influência dos pensamentos e ações dos que permanecem na crosta é tão significativa que, muitas vezes, os desencarnados não conseguem se adaptar à vida nova, vagando sem rumo, perturbados, sem condições de assumir suas funções na verdadeira pátria.
Isso acontece porque há um despreparo generalizado diante da crise da morte.
Encarnados e desencarnados sofrem profundos desequilíbrios psicológicos e espirituais, diante da separação que julgam definitiva, porque para a imensa maioria, sem “olhos de ver”, somente o silêncio dolorido responde aos apelos de parte a parte.
Tudo se passa como se os primeiros chorassem desesperadamente num compartimento da casa, e os últimos em outro, mas incapazes de se entenderem, apesar da proximidade, por absoluta falta de preparo em lidar com esse tipo de comunicação. Todos gritam, mas ninguém se entende.
XIV – Um apelo dos desencarnados aos que ficam

Muitos encarnados clamam desesperadamente pelos que partiram, vertendo lágrima de fel, quando não acalentando idéias de suicídio na enganosa ilusão de reencontrá-los. (...)
Há muito desassossego na vida psíquica dos desencarnados, toda vez que os familiares não aceitam a separação ou procuram vingança, nos casos de desencarnação por assassinato, alimentando os sentimentos inferiores muitas envolvidos nesse processo. (...)

Inúmeros outros comunicantes falam da dificuldade de adaptação ao mundo espiritual por causa da perturbação dos familiares. Esse desequilíbrio, muitas vezes intenso, não lhes permite a própria renovação no plano em que se encontram.
Vamos destacar alguns trechos das cartas dos desencarnados nos quais solicitam a compreensão dos familiares diante da separação. São pontos muito úteis para o nosso próprio preparo diante da morte:
(1) “Vejo seu rosto sem parar, todo banhado em lágrimas sobre o meu e sua voz me alcança de maneira tão clara que pareço carregar ouvidos no coração.
Ah, Mamãe! Eu não tenho o direito de pedir ao seu carinho mais que sempre recebi, mas se seu filho pode pedir mais alguma coisa à sua dedicação, não chore mais.”
(Alberto Teixeira através de Chico Xavier – “Presença de Chico Xavier”)

2) “As lágrimas com que me recordam, caem no meu coração por chuva de fogo, (...), o pensamento é uma ligação, que ainda não sabemos compreender.

Quando estiverem com as nossas lembranças mais vivas, comemorando acontecimentos, não se prendam à tristeza. (...) Posso, porém, dizer-lhes que estou com vocês dois, assim como alguém que carregasse no ouvido um telefone obrigatório. Não estou em casa, mas ouço e vejo quanto se passa.

Nosso amigos daqui me esclaressem que isso passará quando a saudade for mais limpa entre nós. Saudade limpa!. Nunca pensei nisso! Mas dizem que a saudade que se faz esperança no coração, é assim como um céu claro, mas a saudade sem paciência e sem fé no futuro é semelhante a uma nuvem que se prende com a sombra e tristeza aqueles que dão alimento na própria alma.”
(Marilda Menezes através de Chico Xavier – “Novamente em Casa”)

(3) “Estou presente, rogando à senhora que me ajude com a sua paciência.

Tenho sofrido mais com as suas lágrimas do que mesmo com a libertação do corpo. Isso porque a sua dor me prende à recordação de tudo o que sucedeu.

E quando a senhora começa a perguntar como teria sido o desastre, no silêncio do seu desespero, sinto-me de novo na asfixia”.

(William José Guagliardi através de Chico Xavier – “Vida no Além)

“Evidentemente que não vamos cultivar falsa tranquilidade, considerando natural que alguém muito amado parta para o plano espiritual. Por maior que seja a nossa compreensão, com certeza sofreremos muito. No entanto, devemos manter a serenidade, a confiança em Deus, não por nós mesmos, mas sobretudo em benefício daquele que partiu.

Mais do que nunca ele precisa de nossa ajuda, e principalmente de nossas orações.”(5)


XV – Como superar a saudade
Sempre é bom sentir saudades. Significa que amamos alguém e que esse alguém é importante para nós.

Existem diversas maneiras de cultuar a memória de um ser querido que já partiu para o Plano Maior:

(1) Usemos as flores dentro de nossa própria casa, numa forma de exaltar a Vida, e não indo ao cemitério para exaltar a Morte.

(2) Usando a prática constante das orações, para fazermos vibrações de estima, e desejar sucesso na adaptação na Vida nova, procurando demonstrar, também, o quanto o nosso Amor é infinito.

Existe um exemplo, muito bonito por sinal, que foi extraído de “Violetas na Janela” (autora espiritual Patrícia, através de Vera Lúcia M. Carvalho), onde a saudade pode ser superada, doando flores mentalmente para o ser amado. Patrícia, no Plano Espiritual, chega na casa de sua avó. Entra no seu quarto e olha para a janela:

“A janela estava aberta dando a visão bonita da parte direita do jardim. A janela tem um delicado beiral de madeira clara e nela estavam vários vasos de violetas. Vasos floridos, com violetas coloridas e lindas. Lembranças vieram-me à mente. Recordei dos vasos de violetas de minha mãe, que enfeitavam os vitrôs de nossa cozinha. Pareciam as mesmas:

- E são! – disse a vovó. Anézia, [mãe de Patricia], plasma com muito amor as violetas para você. São réplicas que enfeitam a cozinha do seu lar terreno.

- Vovó, como isto é possível? – indaguei admirada.

- Sua mãe muito lhe ama e tem muita saudade. Saudade esta que é um amor não satisfeito pela ausência do ser amado. Ela não desejava ou esperava sua partida. Está se esforçando para não prejudicá-la, assim ela canaliza seu carinho e oferta as flores a você.

(5)Trecho extraído de “Quem tem medo da morte” – Ricnard Simonetti

É uma maneira que ela encontrou para demonstrar o seu amor. É uma oferta contínua.

Com nossa pequena ajuda, de seus amigos aqui, estes fluídos foram e são condensados e aí estão: maravilhossas viotetas.”

XVI – Esclarecimentos de Emmanuel(6)


Extraímos cinco questões (146, 147, 148, 149 e 152) do livro “O Consolador”, autoria de Emmanuel, através de Chico Xavier, referente a fase de transição da vida material para a espiritual, de muito valia para o nosso aprendizado:

[146} É fatal o instante da morte?

R: Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são determinados previamente pelas forças espirituais que orientam a atividade do homem sobre a Terra.

(...) Existem ainda os suicídios lentos e gradativos provocados pela ambição ou pela inércia, pelo abuso ou pela inconsideração, tão perigosos para a vida da alma, quanto os que se observam, de modo espetacular, entre as lutas do mundo. Essa a razão pela qual tantas vezes se batem os Instrutores dos encarnados, pela necessidade permanente de oração e de vigilância a fim de que os seus amigos não fracassem na tentação.

[147} Proporciona a morte mudanças inesperadas e certas modificações rápidas, como será de desejar?
R: A morte não prodigaliza estados miraculosos para a nossa consciência. Desencarnar é mudar de plano, como alguém que se transferisse de uma cidade para outra, aí no mundo, sem que o fato lhe altere as enfermidades ou as virtudes com a simples modificação dos aspectos exteriores. Importa observar apenas a ampliação desses aspectos, comparando-se o plano terreno com a esfera de ação dos desencarnados. Imaginai um homem que passa de sua aldeia para uma metrópole moderna. Como se haverá, na hipótese de não se encontrar devidamente preparado em face dos imperativos da sua nova vida? A comparação é pobre, mas serve para esclarecer que a morte não é um salto dentro da Natureza. A alma prosseguirá na sua carreira evolutiva, sem milagres prodigiosos.

[148} Que espera o homem desencarnado, diretamente, nos seus primeiros tempos da vida de além-túmulo?
(6) Emmanuel foi o principal Mentor Espiritual de Chico Xavier em sua última encarnação.

R: A alma desencarnada procura naturalmente as atividades que lhe eram prediletas nos círculos da vida material, obedecendo aos laços afins, tal qual se verifica nas sociedades de vosso mundo. (...) O homem desencarnado procura ardorosamente no Espaço, as aglomerações afins com o seu pensamento, de modo a continuar o mesmo gênero de vida abandonado na Terra, mas, tratando-se de criaturas apaixonadas e viciosas, a sua mente reencontrará as obsessões de materialidade, quais as do dinheiro, do álcool, etc, obsessões que se tornam o seu martírio moral de cada hora, nas esferas mais próximas da Terra. Daí a necessidade de encararmos todas as nossas atividades no mundo como a tarefa de preparação para a vida espiritual, sendo indispensável á nossa felicidade, além do sepulcro, que tenhamos um coração sempre puro.

[149} Logo após a morte, o homem que se desprende do invólucro material pode sentir a companhia dos entes amados que o precederam no além-túmulo?
R: Se a sua existência terrestre foi o apostolado do trabalho e do amor a Deus, a  transição do plano terrestre para a esfera espiritual será sempre suave. Nestas condições, poderá encontrar imediatamente aqueles que foram objeto de sua afeição no mundo, na hipótese de se encontrarem no mesmo nível de evolução. (...) Entretanto, aqueles que se desprendem da Terra, saturados de obsessões pelas posses efêmeras do mundo e tocados pela sombra das revoltas incompreensíveis, não encontram tão depressa os entes queridos que os antecederam na sepultura. Suas percepções restritas à atmosfera escura dos seus pensamentos e seus valores negativos impossibilitam-lhes as doces venturas do reencontro.

[150} A morte violenta proporciona aos desencarnados sensações diversas da chamada “morte natural”?
R: A desencarnação por acidentes, os casos fulminantes de desprendimento proporcionam sensações muito dolorosas à alma desencarnada, em vista da situação de surpresa ante os acontecimentos supremos e irremediáveis. Quase sempre, em tais circunstâncias, a criatura não se encontra devidamente preparada e o imprevisto da situação lhe traz emoções amargas e terríveis. Entretanto, essas surpresas tristes não se verificam para as almas, no caso das enfermidades dolorosas e prolongadas, em que o coração e o raciocínio se tocam das luzes das meditações sadias, observando as ilusões e os prejuízos do excessivo apego à Terra, sendo justo considerarmos a utilidade e a necessidade das dores físicas, nesse particular, porquanto somente com o seu concurso precioso pode o homem alijar o fardo de suas impressões nocivas o mundo, para penetrar tranquilamente os umbrais da vida no Infinito.


XVII – BIBLIOGRAFIA

- “Depois da Morte” – Léon Denis – FEB

- “Morrer não se improvisa” – Bel Cesar – Ed. Gaia

- “Quem tem medo da morte” – Richard Simonetti

- “Violetas na Janela” – Patricia através Vera Lúcia M. de Carvalho – Ed. Petit

- “Nossa Vida no Além” - Marlene Nobre – Ed. FE

- “O Consolador” – Emmanuel através de Chico Xavier

- “Evolução em dois mundos” – André Luiz através de Chico Xavier

- “Voltei” – Irmão Jacob através de Chico Xavier

- “O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec

- “Evangelho Segundo O Espiritismo” – Allan Kardec

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Fim


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